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Não gosto quando, nas ocasiões em que, diz a lenda, se deve oferecer algo a alguém, as pessoas simplesmente não o fazem. Eu já o fiz, todos fizemos. Acho, no entanto, que seria apropriado oferecer algo, se a lenda assim o obriga. Prefiro um papel com uma dedicatória do que a desculpa do "Isto está mau..." ou "Com esta crise..." e blá blá blá. Treta. Ninguém vos obriga a fumar e vocês, fumadores, gastam milhares de euros nesse vício assassino por ano. Ninguém vos obriga. A culpa não é vossa porque já é um vício... Treta! Sim, é claro que a culpa é vossa. E ninguém vos obriga, pessoas que bebem café, a irem beber o café a um estabelecimento x ou y quando podem muito bem fazer o vosso próprio cafezinho e bebê-lo em casa.
Todos temos um vício, é verdade. Todos temos a mania de gastar dinheiro nalguma coisa. "Eu não tenho!", por favor, passas o dia no computador. E achas que isso não é um vicio? E achas que isso não custa dinheiro? Sim, é. Sim, custa.
Mas não sou ninguém para julgar os vícios dos outros.
O tempo continua a passar. A pizza congelada está no microondas. A pizza gira e gira, à medida que o tempo passa. O tempo continua a passar. "Nada nem ninguém consegue parar o tempo." dizem por aí. Eu discordo. Com a minha sabedoria genial e feitio do avesso pego num relógio de pulso e atiro-o ao chão, partindo-o. O relógio parou de contar o tempo. Mas o tempo não parou. A pizza continua a girar no prato dentro do microondas. E o tempo continua a passar. Os meus problemas contra o tempo continuam. O microondas apitou. A pizza está pronta. Ignoro o facto de o tempo não parar e como a minha pizza.
Sempre que abro o facebook é para me rir um pouco da humanidade. Não que eu me ache mais que os outros, mas por favor! Ontem enquanto falava com a minha tia, ela disse uma coisa muito acertada.
- Só vais ao facebook para cuscar a vida das pessoas - disse eu.
- O quê? - perguntou ela.
- Sim.
- Não. Eu venho ver as novidades. As pessoas é que expõem a vida aqui.
E o pior é que ela tem razão.
Pessoas desesperadas por atenção que publicam tudo e mais alguma coisa para se sentirem mais importantes. Enfim. Nem quero perder o meu tempo a dar-lhes aquilo que querem. Fecho o facebook e leio um livro.
Gostava de ter mais tempo. Gostava que o mundo parasse e eu tivesse, vá... três horas só para mim. Ás vezes quero passar tempo só comigo mesmo e não posso. É nessas alturas que eu gostava que um botão para parar o tempo existisse. Não quero ser mau, mas odeio as pessoas. Ah, e odeio-me a mim também. Mas também amo as pessoas. E, sinceramente, gostava de me amar a mim mesmo mais. Agora a sério, alguém pode por favor criar uma espécie de botão-que-para-o-tempo? Não? Era o que eu pensava.
Ultimamente tenho tido ideias para escrever. Infelizmente, são ideias estúpidas. Ainda assim, dá-me gosto escrevê-las. Tive uma ideia estúpida que não descanso enquanto não escrever, nem que seja aqui. Não te censuro se não a leres, é estúpida. Mas, aviso-te já, se a leres, não a leves a sério, e mantém a mente aberta - porque, e repito, é estúpida. Ainda assim, boas leituras.
A família vivia numa casa isolada na floresta. Eram um casal e uma idosa. As mentes do casal que cuidava da idosa eram fechadas, e a idosa, coitada, tinha poucos pensamentos, e os que tinha eram vagos e infantis...
Poucos eram os que conheciam a existência daquela pequena família.
A mulher, Valentina, nos seus quase quarenta, tinha um sonho.
O homem, Nicolau, já nos seus quarenta, partilhava o sonho com a sua esposa.
A idosa, Aurora, vivia na sua cadeira de baloiço sem se pronunciar e babava-se, babava-se muito.
Valentina e Nicolau queriam ter um filho. Era esse o seu sonho.
Valentina, com vergonha, perguntou certo dia a uma amiga, na cidade:
- De onde é que vêm os bebés?
Depois de umas gargalhadas, a amiga respondeu:
- Vêm com as cegonhas!
Quando chegou a casa, Valentina contou ao marido a sua descoberta e nesse mesmo dia foram à procura de cegonhas, de espingarda às costas. Assim que viu uma, a mulher gritou ao marido e este apertou o gatilho, explodindo com a cabeça do animal, que caiu no chão, fazendo uma poça de sangue ao seu redor.
Determinada, Valentina puxou da faca e abriu a cegonha ao meio. Revolveu, insistentemente, os órgãos quentes e líquidos do animal e não se deparou com bebé algum.
Raivosa, voltou à cidade, ainda manchada de sangue e de faca em punho. Tocou à campainha da casa da amiga e, com a faca escondida atrás do corpo, esperou com um sorriso sádico. Quando a amiga apareceu, não desconfiou de nada e, assim que se aproximou para a cumprimentar com um beijo na bochecha, Valentina espetou a faca no seu coração, enterrando-a com força. Deixou-a no chão e foi-se embora, levando consigo a faca e o sangue da cegonha e da amiga que a enganara e lhe dissera que as cegonhas traziam bebés.
Chorou muito, enquanto dava o comer à boca da idosa.
- Coma, coma, mamã. É canja de cegonha.
*
No dia seguinte, foi Nicolau quem foi à cidade procurar informações sobre crias.
Perguntou a um amigo, na taberna:
- De onde é que vêm os bebés?
Este, entre soluços respondeu:
- Da pinta da m'nha m'lher!
Ao ouvir isto, Nicolau, saiu da taberna, sóbrio e decidido. Foi até à casa do seu amigo e, quando a sua mulher foi para lhe abrir a porta deu-lhe um encontrão na cabeça, deixando-a inconsciente. Sabendo ele que "pinta" significaria o sexo da mulher, enfiou a mão na vagina da mulher e puxou pelos órgãos escorregadios, espalhando sangue e tudo menos bebés pelo chão. Revoltado, voltou ao encontro de sua mulher e contou-lhe o que acontecera. Esta chorou mais um pouco e agarrou-se a ele.
- A tua mãe já almoçou? - perguntou o marido.
E, como que por magia, surgiu uma ideia a Valentina.
- A minha mãe! A minha mãe é minha mãe! Logo, eu sou filha dela!
Nicolau achou que a mulher era doida por instantes e pediu que se explicasse. Esta ignorou-o e correu até beira da sua mãe.
- Mamã! Diga-me, por favor! De onde é que vêm os bebés!?
Silêncio.
- Mamã! De. Onde. É. Que. Vêm. Os. Bebés?
Silêncio.
- Mamã! De onde é que eles vêm!? Responda!
Só se ouviam os ossos da idosa a chocar, à medida que a sua filha a abanava e esperneava contra ela. O ultimo barulho que se ouviu antes do longo silêncio que se seguiu foi o do osso do pescoço da idosa a romper. E a baba a escorrer-lhe da boca.
*
Assim que o cadáver da idosa foi enterrado no quintal, o casal partiu para a cidade, onde se dividiu para tentar saber como é que teriam um filho.
A mulher perguntou a outra amiga, e o homem perguntou a outro amigo:
- De onde é que vêm os bebés?
A amiga respondeu:
- Dos testículos do teu marido, querida.
E o amigo respondeu:
- Da barriga da tua esposa, homem!
Correram para casa.
O momento que se seguiu foi terrível. A mulher tentou esfaquear o homem nos testículos. E o homem tentou esfaquear a mulher na barriga. Acabaram por se matar um ao outro naquela luta pelo seu sonho. Semanas depois, foram encontrados pela polícia, que os procurava por duplo homicídio.
Está frio. Apesar das chamas dançarem na lareira, não sinto muito a diferença. Hoje é domingo. Para uns é o fim do fim de semana; para outros é o fim da semana; e para outros é o início da semana. Para mim é domingo. É o ultimo dia antes do aborrecimento que segunda-feira reserva. O dia que passa mais depressa, lembrando constantemente que no dia seguinte o dever espera. Domingo é o dia sabático; é o dia do nada. O dia de acordar de manhã para ir à igreja, almoçar em família e aproveitar os filmes repetitivos que passam na televisão para descansar... Pelo menos é assim que me lembro de serem os domingos... Principalmente o almoço. O almoço era a coisa mais entusiasmante dos domingos... A açorda de pescada e ovas, ou o peru no forno com esparguete, ou, se tivesse muita sorte, a vinagrada com sardinhas e carapau! Hmm... Agora já não são assim. Passo-os "sabáticamente"; passo-os no nada. Acordo ao meio-dia, leio (quando a preguiça não é tão grande) e como os restos do sábado. Hoje é domingo. Acordei ao meio-dia, comi os restos do sábado mas não li, pelo menos não livro que queria. O segundo livro da série Jogos da Fome, o Em Chamas. Estou a lê-lo em inglês, por isso o nome é Catching Fire. Lá está ele, à espera que o leia. E eu à espera de o ler. Mas hoje é domingo e não o li. Li os apontamentos de história. Tenho teste terça-feira e não estudei tanto quanto devia. Esta semana reparei numa coisa. Reparei que tenho ideias para escrever coisas aqui no blogue nos momentos mais improváveis. Ontem à noite, enquanto servia leite para beber com uma sandes de fiambre lembrei-me do meu aniversário de oito anos e desse episódio surgiu uma ideia para um post sobre eu ser materialista e dessa ideia surgiu a ideia de um post sobre a minha não-relação com e-books. Por isso, já sabem qual vai ser a minha próxima publicação... ups.
Este blogue está entregue às mãos de um adolescente que se recusa a aceitar que mais tarde ou mais cedo será adulto e que tem problemas em manter blogues de pé.
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