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Se fechar os olhos, a voz da professora fica mais alta que o céu. Ribomba-me pelo oco da cabeça. Parte-se-me a louça da cozinha da cabeça. A mãe da minha cabeça vai ficar muito chateada. E coitada da criada, vai ter que arrumar tudo e ouvir os berros que a mãe vai atirar. Mas nem os gritos da mãe são tão altos como os gritos da professora, que, quando tenho os olhos abertos, parece falar normalmente. Mas não consigo forçar as pálpebras a manterem-se abertas. Gritos na minha cabeça, então. Que chatice! Não se devia ser possível entrar assim pela cabeça das pessoas, importunando os silêncios e desarrumando de tal maneira a casa! Ai, já acordaram os meus cachorrinhos! Pobrezitos, estavam a dormir encaixados uns nos outros tão pacificamente... Coitados! A voz da professora despertou-os e agora ganem muito, que dó! Quero fazer o barulho parar, mas só de olhos abertos e bem abertos é que conseguirei pôr-lhe controlo. E ainda por mais, só fala inutilidades, esta professora: vai-me sujando tudo pelo caminho. E as nódoas que as ideias inúteis deixam? A pobre criada bem se vê danada para tentar limpar tudo. Mas nem sempre consegue - demora, esconde-as. Mas às vezes o vento descobre-as dos esconderijos improvisados da criada e lá voltam as nódoas a incomodar. Que nervos! Se eu adormecesse agora desligava a cabeça e, com ela, a casa, a mãe, a criada, os cachorrinhos, o barulho! Tanto que eu queria dormir agora!... Mas não poderá ser tranquilo adormecer numa mesa de sala de aula... E a voz da professora não me dá descanso. Quero ir para casa e dar repouso ao meu corpo e à vida que sou e tenho na cabeça. Estamos todos muito cansados dentro dela.

20/Abril/2016

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